A candidíase é uma infecção causada por um fungo do gênero Candida, e é muito comum e de alta prevalência. Esse fungo está presente na microbiota da pele e mucosas, vagina e até no trato gastrointestinal. Por conta disso, quando existe uma disbiose (desequilíbrio de bactérias) na microbiota intestinal, esse fungo pode se tornar patogênico.

Essa doença é definida como uma inflamação da mucosa vaginal desencadeada pela presença de fungos do gênero Candida, principalmente a Candida albicans, e pode ser assintomática ou sintomática, tendo como os sintomas mais comuns a irritação, o prurido, a presença ou não de corrimento de cor branca (parecido com “leite coalhado”), a queimação e, dependendo do grau, pode haver desconforto ao urinar.

A microbiota intestinal e o sistema imunológico têm grande potencial de impactar a saúde vaginal feminina. Além disso, o consumo excessivo de carboidratos simples, açúcar refinado e até mesmo frutose, pode ser um gatilho, não para causar, mas para contribuir para o desenvolvimento da Candidíase, já que a glicose é a principal fonte de alimento desse fungo, favorecendo seu crescimento.

O que pode levar ao desencadeamento da candidíase?

Alguns fatores podem tornar as mulheres mais vulneráveis à infecção por Candida Albicans como: disbiose intestinal e vaginal, supressão do sistema imunológico, aumento da permeabilidade intestinal, uso de antibióticos, diabetes, gravidez, uso de contraceptivos orais (principalmente o de alta dosagem), corticoides, laxantes, estresse e o consumo excessivo de carboidratos refinados.

Cuidando da microbiota intestinal:

O uso de probióticos é uma estratégia que promove o restabelecimento da condição natural da microbiota e ainda estimula o sistema imune.

Desde 2006, a suplementação com probióticos vem sendo estudada como uma potencial terapia alternativa, Falagas, Betsi e Athanasiou (2006), em uma revisão, concluíram que, a maior parte de estudos demonstram bons resultados da administração via oral ou intravaginal de Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus rhamnosus GR-1 e Lactobacillus fermentum RC-14.

Martinez et al. (2009), avaliaram o uso de fluconazol (terapia medicamentosa) com placebo ou associado à suplementação de probióticos contendo Lactobacillus rhamnosus GR-1 1×109 UFC e Lactobacillus reuteri RC-14 1×109 UFC, ou placebo, por 4 semanas.

O grupo de intervenção teve redução significativa do corrimento, do prurido e da disúria, além de ter uma menor presença de levedura detectada na cultura. Um estudo mais recente, de 2018, conduzido por Rossoni et al., avaliou a atividade fungicida de cepas de Lactobacillus contra a candidíase oral, sendo os Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus paracasei e Lactobacillus fermentum os mais efetivos.

Os alimentos probióticos, como o iogurte natural, o kefir e o kombucha são ricos em bactérias que favorecem a saúde intestinal e melhoram o funcionamento do sistema imunológico, ajudando também a diminuir o desenvolvimento de microrganismos patogênicos, prevenindo e controlando a candidíase.

Cuidando da imunidade:

O própolis verde é considerado um ótimo remédio natural para combater a Candida Albicans, já que é rico em flavonoides, que atuam aumentando o funcionamento do sistema imune e impedindo o desenvolvimento desse fungo no organismo.

Os cereais integrais possuem as vitaminas e os minerais, conservados, de forma que ajudam a fortalecer o organismo e aumentar as defesas. Assim, pode ser incluído na alimentação pão integral, arroz integral, quinoa, amaranto e aveia, ajudando a combater a candidíase mais rapidamente.

As frutas também devem ser consumidas, devendo ser dada a preferência às frutas que possuem menos açúcar, como os mirtilos, morango, pêra, cereja, maçã, goiaba, framboesa, ameixa, melancia, melão e mamão.

Excluir carboidratos refinados:

O consumo excessivo de carboidratos refinados, como farinhas e açúcar, pode estar associado com a candidíase recorrente, pois a glicose é um dos principais substratos para o crescimento da Candida Albicans.

Enoch et al. (2017) relataram que a diabetes não tratada adequadamente é um fator de risco para infecções por fungos, assim como foi observado por Brumar et al. (2012), que observaram que a prevalência da candidíase foi 70% maior em mulheres que tinham a glicemia entre 130 a 180mg/dL.

Incluir alimentos com ação fungicida:

As especiarias também são aliadas contra os fungos, e podem ser usadas combinadas em diversas preparações culinárias, como orégano, canela, alecrim, gengibre e cúrcuma. 

O óleo de coco contém nutrientes como os ácidos láurico e caprílico, que auxiliam na redução da colonização pela Candida albicans e, segundo Kumamoto, Grasnigt e Hube (2020).

O alho também tem ação fungicida comprovada, in vitro e in vivo. Ebrahimy et al. (2015) conduziram um estudo controlado, randomizado e duplo-cego que avaliou os efeitos da suplementação de tabletes de alho de 1.500mg (Garcin®) diariamente, comparando-o ao uso de fluconazol (150 mg), na candidíase vaginal. Ao final do estudo, ambos os grupos tiveram redução significativa dos sintomas e da cultura, indicando que o alho pode ser um excelente aliado no tratamento efetivo da candidíase.

Os flavonoides são compostos bioativos que também podem auxiliar no tratamento da candidíase, conforme estudos realizados in vitro que foram inclusos em uma revisão conduzida por Seleem Pardi e Muarta (2017). Um dos principais alimentos que teve seus flavonoides extraídos para avaliação, como a quercetina, miricetina e kaempferol com potente ação, foi a própolis, com efeitos significativos, de acordo com as avaliações das evidências.


O que Pioram a Candidíase:

Os alimentos ricos em açúcar, pois alteram o pH vaginal, e os alimentos industrializados e ricos em conservantes e aditivos químicos, pois pioram a imunidade.

Evite:

Açúcar e doces em geral, como xarope de milho, mel, doces, bolos, pudim e suco de frutas;

  • Bebidas: sucos prontos, refrigerantes, bebidas alcoólicas e energéticos;
  • Farinha branca e preparados com levedura, bolos, pães brancos, salgados, biscoitos;
  • Alguns frutos secos, como pistache, nozes e amendoim;
  • Alguns lácteos, principalmente os ricos em lactose, como o leite e os queijos frescos;
  • Frituras e alimentos industrializados, como enlatados, snacks, batata frita, comida congelada, fast-food e caldos concentrados;
  • Carnes processadas, como salsicha, linguiça, bacon, presunto, peito de peru e mortadela.

Lembrando que, além desses alimentos, o estresse a má qualidade do sono, o uso de antibióticos, anticoncepcionais, corticoides e laxantes podem alterar a flora intestinal ou diminuir a atividade do sistema imune, favorecendo o surgimento da candidíase.

Para um tratamento adequado, eficaz e seguro, siga as recomendações médicas e procure um nutricionista para acompanhamento de uma dieta nesta fase do seu tratamento.

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REFERÊNCIAS

 

PASCHOAL, V.; NAVES, A.; FONSECA, A.B.B.L. Nutrição Clínica Funcional: Dos Princípios à Prática Clínica. 2. ed. São Paulo: Valéria Paschoal, 2014.

FEBRASGO. Manual de Orientação de Doenças Infectocontagiosas. Disponível em: < https://www.febrasgo.org.br/images/arquivos/manuais/Manuais_Novos/Doencas-_Infectocontagiosas.pdf> Acesso em 15 jul. 2020.

KUMAMOTO, C. A.; GRASNIGT, M. S.; HUBE, B. The gut, the bad and the harmless: Candida albicans as a commensal and opportunistic pathogen in the intestine. Current Opinion in Microbiology, v.56, p. 7-15, 2020.

MARTINEZ, R. C. R. et al. Improved treatment of vulvovaginal candidiasis with fluconazole plus probiotic Lactobacillus rhamnosus GR-1 and Lactobacillus reuteri RC-14. Letters in Applied Microbiology, v.48, n.3, p.269-274, 2009.